Projecto experimental (2006)




Esta série de pinturas foi desenvolvida de uma forma experimental onde o mundo imaginário está presente. Quero eu dizer que não tive estudos prévios nem objectivos a alcançar, mas sim a conquista de um mundo inexistente em que as sensações e percepção reinam. O factor cor foi de importância máxima para estes trabalhos, pois considero que é a ultima coisa que resta de um olhar atento sobre a realidade. Deste modo fiz um jogo de cores procurando nuns trabalhos uma harmonia tonal e noutros o equilíbrio no espaço representativo fazendo aparecer atmosferas subtis de um mundo interno. A exploração da luminosidade pode ser feita por degradés bruscos ou pelo estudo de sobreposição de cores onde deixo transparecer as várias camadas luminosas criando assim momentos de encantamento de ofuscação.
Estes ambientes criados tanto podem transmitir momentos de calma e de contemplação pelo forte poder de iluminação, como também podem sugerir momentos mais densos onde o pensamento está sobrecarregado e preocupado.
Estes trabalhos resultam da acumulação de imagens retidas pela retina como também pela observação de trabalhos de artistas também o fizeram.




Monet é uma das referências deste trabalho pela forma engenhosa da colocação das cores. A sobreposição da cor permite obter uma atmosfera envolvente da natureza. A luz era o factor principal para o seu trabalho. Assim atingir a “perfeição” da captação da luminosidade, tornado a sua pintura experimental, explorou os reflexos na água, diferentes estações do ano, diferentes horas do dia tornado a sua pintura experimental. Tendo em conta a época que este artista viveu, teve problemas da ordem da construção da própria tinta e o seu comportamento, o que hoje não acontece. Apesar de ser um artista unicamente figurativo, não se preocupava com lineação da forma, mas com a presença dessa forma no ambiente representado criando uma atmosfera natural em que a cor do fundo também faz parte da forma e a cor da forma faz parte da cor do fundo. Tudo se mistura e ao mesmo tempo cada representação tem o seu lugar, teve necessidade de pintar grandes painéis como retenção do olhar de um determinado momento e ao mesmo tempo como forma de construir uma realidade que era unicamente visível através do seu olhar.

Mark Rothko é também um artista que me influenciou, pela sua busca da luminosidade. Sendo Russo tem fortes componentes do expressionismo alemão dado a repressão, facto que está patente em toda a sua obra. Apesar de ter passado pelo surrealismo onde não obteve grande adesão do público, existe nostalgia e a busca de sublimação do seu mundo exterior. Sob influência de Freud, ele avança para o mundo do subconsciente procurando “resolver” a seu estado psíquico através da pintura. Por volta de 1950 Rothko decide virar-se para a pintura Americana onde residia e começa a explorar o Abstracto. A Nos trabalhos Rothko, está patente a forte valorização da cor. O estado depressivo faz com que ele varie a sua paleta começando por cores luminosas até às mais surdas.



Bibliografia

Documentos para a compreensão da pintura moderna, Colecção vida e cultura, Walter Hess
Pintura abstracção depois da abstracção